No último dia 20 de setembro um mega evento foi realizado nesta U.E, para relembrar os 100 anos de um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira Herivelto Martins. A Sala de Leitura Priscila Prata através de suas professoras Fabiana Magno e Norma Portugal organizou uma rica exposição com fotos, painéis e apresentações do cantor e compositor. O Coral Esperança Coordenado por Lídia Duarte também se apresentou cantando músicas do compositor. A filha do falecido a artista Yaçanã Martins abrilhantou a exposição com sua ilustre presença, também contamos com a presença do Coordenador de Corais das Escolas do Município João Marcelo Ferreira.
O Aluno Wendel Gonçalves foi caracterizado de Herivelto Martins e foi mais um momento emocionante onde poucos conseguiram esconder as lágrimas.
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Da esquerda para à direita, Fabiana Magno, João Marcelo, Yaçanã Martins e Selma Cândida |
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Coral Esperança |
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Yaçanã e o aluno Wendel caracterizado de Herivelto Martins |
BIOGRAFIA DE HERIVELTO MARTINS
Filho do agente ferroviário Félix Bueno Martins e da costureira e
doceira Dona Carlota, nascido na Vila de Rodeio, hoje município de
Engenheiro Paulo de Frontin, Herivelto Martins, aos três anos de idade, já se apresentava de casaca, declamando versos em eventos organizados por seu pai.
Em
1916, a família mudou-se para
Barra do Piraí,
onde "seo" Félix fundou a Sociedade Dramática Dançante Carnavalesca
Florescente de Barra do Piraí, que além de bailes, criava e dirigia
espetáculos teatrais. Ele organizou, ainda, o grupo Pastorinhas de Barra
do Piraí, que se apresentava no
Natal, com Herivelto vestido de
Papai Noel.
As atividades artísticas do pai motivaram o pequeno Herivelto a criar
o seu próprio grupo teatral, com seus irmãos Hedelacy, Hedenir e
Holdira e algumas meninos da vizinhança. Aos 9 anos de idade, compôs a
paródia
Quero Uma Mulher Bem Nua (Quiero una mujer desnuda) e o
samba Nunca Mais, que não foi gravado.
Aos 10 anos aprendeu música na Sociedade Musical União dos Artistas,
de Barra do Piraí, onde tocou bombardino, pistom, e caixa, até a idade
de 19 anos, mas apresentava preferência pelo violão e cavaquinho, que já
"arranhava". Entre 1922 e 1931, participou como músico da banda da
Sociedade Musical União dos Artistas de
Barra do Piraí.
Os problemas financeiros eram constantes, assim como as discussões
domésticas. Herivelto e seus irmãos ajudavam, vendendo os doces que sua
mãe fazia. A família acabou falindo e perdendo a casa, para pagamento de
dívidas da Sociedade fundada por "Seu" Félix. Aos 12 anos de idade,
Herivelto foi ser caixeiro em uma loja de móveis, emprego que o pai lhe
arranjou.
Em
1925, com apenas 13 anos, Herivelto conheceu os artistas
circenses Zeca Lima e Colosso, que passavam pela cidade, e com eles formou um trio e seguiu para
Juparanã, onde apresentaram um grandioso espetáculo. Durante um ano, o trio apresentou-se pelo interior do
Rio de Janeiro, até que, procurados pela Polícia, Colosso e Zeca Lima foram presos em
Vassouras e o delegado mandou Herivelto para casa.
Em
1930, com a promoção de "Seu" Félix, a família foi morar no
Brás, a Rua Saião Lobato, em
São Paulo e se empregou em um botequim, onde ganhou o apelido de Carioca.
Após mais uma discussão com o pai, aos 18 anos de idade e com apenas 1 conto e 200 réis no bolso, Herivelto partiu para o
Rio de Janeiro,
com o desejo de tentar uma carreira artística. Ele passou a dividir o
aluguel de um pequeno quarto com seu irmão, Hedelacy, e mais seis
rapazes, quatro deles mortos na
Revolução de 32. Para sobreviver, teve de vender o relógio Roskoff "Estrada de Ferro", presente de seu padrinho.
No
Rio de Janeiro,
Herivelto foi palhaço de circo, vendedor, ajudante de contabilidade e,
aos sábados, fazia barbas na barbearia onde o irmão Hedelacy trabalhava.
Com o dinheiro da gorjeta, garantia o "Feijão à Camões" (prato fundo
com feijão preto e uma colher de arroz no meio), do Bar de "Seu"
Machado", da semana.
Foi no Bar de "Seu" Machado que Herivelto recebeu o convite de "Seu" Licínio, para gerenciar sua barbearia no
Morro de São Carlos. Era sua oportunidade de conhecer os grandes sambistas que ali moravam. Foi no
São Carlos onde Herivelto conheceu o compositor José Luís da Costa -
Príncipe Pretinho - que lhe apresentou a
J.B. de Carvalho, do Conjunto Tupi, amigo do dono da gravadora
RCA Victor.
Em
1932, Herivelto Martins, através de uma parceria com J.B. de Carvalho, conseguiu lançar, pela
RCA Victor, sua composição
Da Cor do Meu Violão, homenagem a uma namorada que teve no bairro do Carvão, em
Barra do Piraí,
que seu pai insistia em dizer que era escura demais para ele. A
marchinha fez grande sucesso no carnaval daquele ano, o que levou
Herivelto a integrar o coro do Conjunto Tupi como ritmista. Ele inovou
ao fazer breques durante as gravações, quando isso não era permitido, e
por essa e outras iniciativas, Mister Evans, diretor geral da
RCA Victor, o promoveu a diretor do coro.
Em
1933, Herivelto teve mais duas músicas gravadas:
O Terço do Zé Faustino, com Euclides J. Moreira, pelo Conjunto Tupi, e
O Enterro da Filomena, pelo Conjunto RCA.
Em uma época em que o
samba ainda não havia descido o morro e ganhado a cidade, Herivelto criou várias músicas para homenagear a
Estação Primeira de Mangueira, entre elas:
Saudosa Mangueira e
Lá em Mangueira.
Em
1986, Herivelto Martins foi homenageado pela
escola de samba Unidos da Ponte, com o enredo
Tá na hora do samba, que fala mais alto, que fala primeiro, o homenageado participou do desfile.
A Dupla Preto e Branco
Em
1932, Herivelto Martins conheceu
Francisco Sena, seu colega no Conjunto Tupi, e com ele começou a ensaiar algumas canções, entre as quais a música
Preto e Branco.
No ano seguinte, o Teatro Odeon estava em busca de um grupo que pudesse
se apresentar nos intervalos das sessões. O Conjunto Tupi se apresentou
e não foi aprovado. A convite de
Vicente Marzulo,
Herivelto e Francisco fizeram o teste, em dueto, chamando a atenção de
todos. Foram contratados. o nome da Dupla, O Preto e O Branco, foi dado
por Marzulo. Herivelto passou a compor para a dupla.
Em
1934, Herivelto gravou, com Francisco Sena, o primeiro disco da Dupla Preto e Branco, lançado pela
Odeon, contendo os
sambas Quatro Horas, com Sena, e
Preto e Branco, de sua autoria. Compôs, em parceria com Francisco Sena, as
marchas A Vida é Boa, gravada por Carlos Galhardo e
Vamos Soltar Balão, gravada pela Dupla. Gravou, ainda,
Como é Belo, de Gastão Viana e Pereira Filho.
Em
1935, a Dupla Preto e Branco gravou as marchas
Bronzeada, de Moisés Friedman e Pedro Paraguassu,
Passado, presente, futuro, de sua autoria,
Um pouquinho só e
Bela morena, ambas de Príncipe Pretinho, e fez algumas apresentações na
Rádio Tupi do Rio de Janeiro, mas o sucesso foi interrompido com a morte de Francisco Sena.
Herivelto passou a atuar sozinho, até ser contratado pelo Teatro Pátria, de Pascoal Segreto, no Largo da Cancela, em
São Cristóvão,
onde criou o palhaço caipira Zé Catinga, que fez muito sucesso,
principalmente com as crianças. No ano seguinte, um amigo de infância de
Herivelto lhe apresentou seu irmão, o cantor e compositor
Nilo Chagas, com quem formou a nova Dupla Preto e Branco, por ter gostado da voz de Nilo.
Em
1937, a Dupla Preto e Branco gravou, junto com
Dalva de Oliveira, o batuque
Itaquari e a marcha
Ceci e Peri, ambas do
Príncipe Pretinho. O disco foi um sucesso, rendendo várias apresentações nas Rádios. Foi
César Ladeira, em seu programa na
Rádio Mayrink Veiga, que pela primeira vez anunciou o
Trio de Ouro.
Os Casamentos
No início da década de 30, Herivelto conheceu Maria Aparecida Pereira
de Mello, sua primeira mulher, com quem teve os filhos Hélcio Pereira
Martins e Hélio Pereira Martins. A convivência durou, aproximadamente,
cinco anos. Separaram-se por Maria não aguentar mais as bebedeiras e
traições de Herivelto.
Em
1935, no Cine Pátria, Herivelto conheceu
Dalva de Oliveira e passaram a cantar em dueto. Iniciaram um namoro e, no ano seguinte, iniciaram uma convivência conjugal, oficializada em
1939 num ritual de
umbanda, que gerou os filhos
Pery Ribeiro e Ubiratan de Oliveira Martins. A União durou até
1947,
quando as constantes brigas e traições da parte dele deram fim ao
casamento. Mesmo casado, passava as noites fora de casa, bêbado e com
prostitutas. Em
1949, após a separação oficial do casal e o final da primeira formação do
Trio de Ouro,
Herivelto e Dalva iniciaram uma discussão, inclusive através das
composições que gravaram, bastante explorada pelos jornais e revistas da
época. Depois de uma pequena turne na Venezuela, Herivelto sai de casa,
logo depois, tira de Dalva a guarda dos filhos, e os manda para um
internato. Passa a publicar em todos os jornais que Dalva é prostituta e
promove orgias dentro de casa, o que a levou a fazer as canções "de
guerra" um para o outro.
Em
1946, Herivelto passou a namorar a
Aeromoça Lurdes Nura Torelly, uma mulher desquitada que tem um filho do 1º casamento. Ela é rica e é prima do
Barão de Itararé, e em
1952, passaram a viver juntos, tendo oficializado a união em
1978. Herivelto e Lurdes geraram os filhos: Fernando José (já falecido), a atriz
Yaçanã Martins e Herivelto Filho, além dele criar o filho de Lurdes como seu. O casamento durou 44 anos, até a morte de Lurdes, em 1990.
Discografia
- Herivelto com o Trio de Ouro (1942) Odeon 78
- Ave Maria no morro (1943) Odeon 78
- Laurindo (1944) Odeon 78
- Odete/Bom dia Avenida (1944) Odeon 78
- Jubileu de prata (1956) Continental LP
- Um compositor em 2 tempos (1956) Copacabana LP
- O Famoso Trio de Ouro (1969) Imperial LP
- Trio de Ouro [S/D] Camden LP
- Trio de Ouro e os seus sucessos [S/D] RCA Victor LP
- Trio de Ouro [S/D] Revivendo CD
- Jubileu de Herivelto [S/D] Copacabana LP
- Carnaval de Herivelto [S/D] Mocambo LP
Júlio Andrade